Review dos shows


Paura detonou durante o
Rio de Janeiro Hardcore II


* Carlos Ribeiro e Vitor Malheiros (fotos)

Mesmo realizado em dia de forte chuva e entre as duas etapas da prova do Enem, a segunda edição do Rio de Janeiro Hardcore, em 6 de novembro, conseguiu atrair muitos amantes do HC. O número ficou bem abaixo das expectativas, mas a metade da centena dos presentes ficou até o fim, em torno de 2 horas da manhã, e ainda demonstrou muita disposição durante o show do Paura. Disposição que contagiou ainda mais Fábio Prandini, vocalista do quinteto paulista, que não parava de vibrar e de agradecer à “família hardcore carioca”, a quem pediu desculpas pelo povo de São Paulo que elegeu Tiririca deputado federal. A intitulada família parece ter perdoado, pois não parou de abrir rodas e brincar durante o show do Paura e, no final, quem agradeceu foi ela.

Na verdade, as tradicionais rodas estiveram presentes nos shows de todas as bandas, a exemplo do que também aconteceu durante a apresentação do Nuestro Sangre. O quarteto, que desceu da serra de Teresópolis (RJ), fez estremecer o palco da Planet Music com músicas velozes, a maioria do trabalho Massacrados pela Ganância... Esmagados pela Miséria.

Co-produzido pela R&D Produção e Comunicação, o Rio de Janeiro Hardcore II foi marcado pelo mais puro e verdadeiro HC. Característica que ficou presente desde o início, com a entrada no palco da Obscene Capital. O power-trio abriu o evento sem nenhuma cerimônia e colocou para fora suas competentes músicas que retratam um descontentamento com o mundo e parte da sociedade. Em seguida, entrou a Halé e seus oito anos de HC despretensioso. Com músicas rápidas e de certa forma descontraídas e debochadas, fez o público se agitar, assim como a Non Sense (foto abaixo), que veio na sequencia do evento. Rodrigo, Vinícius, Luís Cláudio, Alan ZZ, e Diego tocaram as músicas do novo trabalho da banda, a base de muita diversão, alegria, ódio e rancor.

Quarta banda a se apresentar, a Fokismo retornou à Planet Music com suas músicas politizadas e contestadoras, dentro do ideal socialista, como fez no Mega Rock & Diversão Punkado, realizado no mês de agosto. Quem ainda não conseguiu assistir a banda em ação na Planet, terá uma outra grande oportunidade. A Fokismo, junto com a Non Sense, retornam à casa em dezembro para participarem do Rio de Janeiro Hardcore Natal Solidário. O evento que terá na abertura a Desvio de Conduta e a Moratória, e também contará com as outras feras Pacto Social, Cara de Porco, Chapakenti e Frontal, além das paulistas Fethus Humanóides e Sociedade Armada.


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Mega Rock & Diversão Punkado 
botou fogo na Planet Music

Joice Gomes, Carlos Ribeiro e Vitor Malheiros (foto)
Esat Side Syndicate em ação


A primeira edição do Mega Rock & Diversão Punkado correspondeu às expectativas da organização e incendiou o público presente à Planet Music, no dia 28, último sábado do mês de agosto. Ao todo, 11 bandas subiram ao palco, proporcionando grandes apresentações que duraram até a metade da madrugada de domingo, quando a East Side Syndicate encerrou o evento com um show marcante, que deixou o público querendo mais e com vontade de virar a noite. Moradores do lado leste da Grande São Paulo, o quinteto formado por Paulo (bateria), Robson (guitarra), Wilson (guitarra), Thiago (baixo) e Rômulo (vocal), tocou com muita energia músicas como S.P.S. A Resistência, Reverse Of Hate, Enemies Never Die, Chaos A.D. (Sepultura) e Walking Flayes, além da própria East Side Syndicate.

Mesmo focando a luta política em suas letras, o grupo afirma que não que ser uma banda bairrista ou coisa do tipo. Os componentes dizem que simplesmente resolveram falar sobre o que vivem 24 horas por dia, sobre a “quebrada” de cada um. Eles afirmam manter uma enorme admiração e respeito por todos os guetos, cortiços, favelas, acampamentos, invasões, e periferias. “Por todos mesmo, pois temos consciência de que compartilhamos dos mesmos problemas e temos a convicção no poder da união", concluem.

Antes da East Side, quem literalmente divertiu o público foi a Cara de Porco que, com muita animação, fez sua consagrada mistura que envolve Punk, HC, Ska, Rock and Roll, e muita sacanagem, loucura, sarcasmos e toskarias. Tendo a frente Marcelinho Saci e Anderson Pastor, o grupo ainda contou com alguns convidados, como Juliano Porção, para enriquecer ainda mais o show. Entre as músicas estavam Quem tá no Rock é pra se Fuder, Pau no Cú do Mudo, Não diga que Faço o Verdadeiro Rock’n roll, Quero Tocar Iron Maiden, O Padre Faz Meinha, Eu atirei Pedra na Cruz, e Pastor Muquirana, além de outras hilárias como Pedro de Lara, Farofa fá fá, e  Abelardo Barbosa (música tema Chacrinha). Já tendo se apresentado nos principais eventos de todo o estado do Rio de Janeiro, Marcelinho Saci fala com convicção e propriedade que o cenário underground andou difícil, depois ficou em alta, e atualmente falta renovação. “Mas o Cara de Porco luta para que este quadro seja mudado”, garante Marcelinho, um dos principais destaques do evento.

Apesar do Mega Rock & Diversão Punkado ter sido marcado por bandas autorais, a primeira banda a pisar no palco, a Repulsiva, power trio que substituiu a HC Inside, fez a galera pular e cantar junto grandes sucessos do Nirvana como Smells Like teen Spirit, Rape me, Bridge, Aneurism e Lithium. Mas sobrou espaço para suas próprias composições, e assim levaram O Mesmo, Seja bom e Aprendizado.
 Em seguida, veio a Morphina, outro power trio que, mesmo influenciado por Punk Rock e Grunge, provou que preza por um som forte e característico do Rock and Roll. Com as músicas Bom é Quando, Morphina, Água pro Whisky, Dupla Face, Mulher na Moto, O Jogo, Filhos e Pais, Alta Tensão, a banda agitou seus fãs e também os de Ramones, ao mandarem  Hey ho Let´s go. A receptividade do público como um todo deixou os componentes da Morphina ainda mais eufóricos e ansiosos em função do lançamento do novo CD, que está previsto para novembro deste ano, na própria Planet Music.

Depois foi a vez da Paradoxo Delta, formada em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Um quarteto que considera o nome diferente, apesar dele expressar o sentimento e peso necessário para definir o que é a banda. Com músicas como Quem tem Medo da Morte, Pobre Coitado, e Mutare a Paradoxo, que quer sempre estar estudando, crescendo e vivendo do Rock, realmente mostrou um estilo diferenciado, até em uma das covers, quando tocou Bad Romance.
 Logo após veio a Ismo e seu pós grunge muito bem executado pelo seus três integrantes. Alternativa, com guitarras que vão de Sound Garden a Hojerizah, e um baixo com influencias de Joy Division, a banda conquistou a Planet com suas músicas Dias sem sentido, Não Apague as Luzes, Sol, Droga, e Dias Tristes. O sucesso da Ismo e a empolgação do público renderam um pedido de bis para a banda, que acatou e fechou com Alma Perdida.

Quinta banda do dia, a Another Voice veio de Suzano, em São Paulo, para mostrar seu potencial ao vivo pela primeira vez no Rio de Janeiro. Formada Zé Luis (guitarra e vocal), Bruno (baixo e back vocal), Fernando (guitarra e vocal) e Anderson (bateria), a Another, grupo de Hardcore formada no final de 2.008, agitou e bem a galera com as músicas como Wake up to Hell, United By Force, I dont Give, Never Forget, e What Remains For Me.A banda possui influências do próprio hardcore tradicional e um pouco do melódico, e  se mostrou muito feliz por ter feito um show satisfatório para os cariocas. Agora esperam formar mais amizades no Rio e receber convites de novos lugares para divulgação de seus trabalhos.

O público que já estava com a adrenalina nas alturas, teve outra explosão com a entrada da Frente Imperial. Com quatro integrantes, a banda criada em 2008, mostrou por que se vê como resultado de um cotidiano furioso e questionável. No palco e nas letras deixaram todo o sentimento de ódio e inquietação diante de um sistema que consideram maligno e opressor. No repertório Inquebrantável, Hardcore Pride, Consequências, Rejeição, Vivendo o Caos e Chega de Morte. Músicas definidas pelos componentes como de incentivo a luta por ideais.

De volta à Planet Music, a Milhouse fez mais uma de suas impecáveis apresentações. Com um som pesado e espontâneo, Thiago Matheus (bateria), Roberto Gouveia (guitarra), Diogo (baixo) e Alexandre (guitarra/vocal) tocaram suas principais músicas. Entre elas estavam Astroseud, Lilith, Feto fútil, Recital, Cinza, Spaw Again e Testando.

Em seguida, entrou a Chapakenti e sua experiência de nove anos de estrada, substituindo a Non Sense. A apresentação, que misturou vários tipos de sons como Hardcore, Metal, Rap e Crossover, foi uma das mais elogiadas do dia, com as músicas retratando a realidade de um povo sofrido, oprimido, roubado e marginalizado. Entre elas, Caveirão, Menino Fernando, A fuga e Desmascarado. A idéia que a Chapakenti sempre procura transmitir é que não se pode ficar de braços cruzados diante de tantos problemas sociais.

A nona banda foi a Fokismo, da Zona Oeste do Rio de Janeiro que, formada em 1998 por Nane (baixo e voz), Fabio D. (vocal),  Fábio Ed (bateria) e Erick Xurréia (guitarra/back), tem como objetivo resgatar o verdadeiro e original Hardcore (simples, direto e rápido, com letras políticas e contestadoras). E foi exatamente isso que fizeram na Planet Music, sacudindo os punks com as músicas Hora de Lutar, Propina, Fardados Fascistas, Revolta de Canudos, Vidas Ceifadas, Bandeiras Vermelhas, Coluna Prestes, América Latina, Foquismo, HC Boys, Guerra Civil, Questão de Justiça, Brasília Paraíso, Universal $.A. Revolução e A (re) volta. De acordo com os componentes, antes a banda tinha uma visão comunista, mas hoje pretende passar o ideal do socialismo. Assim foi a primeira edição do Mega Rock & Diversão Punkado, que só não foi melhor devido a ausência da Pancho Villa – Brujeria cover oficial no Brasil.